Talvez nenhum dos cartões-postais de Salvador tenha sofrido uma degradação tão grande nos últimos anos quanto as praias situadas na área urbana da capital. É claro que o modelo de exploração turística da orla, baseado em quiosques feitos de madeira e sapê, nunca foi elogiado por ambientalistas e especialistas em arquitetura e urbanismo. Contudo, desde que a atual administração municipal iniciou, em 2005, um malfadado projeto de requalificação das praias, a questão acabou num imbróglio judicial que se arrasta há cerca de dois anos e transformou parte da faixa litorânea da cidade numa espécie de favela à beira-mar. No trecho entre Amaralina e Plakafor, dezenas de barracas foram impedidas pela Justiça Federal de serem terminadas, devido à desobediência aos parâmetros legais referentes ao meio ambiente, criando um cenário caótico que afugentou inúmeros turistas e freqüentadores. Hoje, os empreendimentos estão lá, à espera de uma solução definitiva. Enquanto isso, Salvador continua liderando o ranking da orla mais feia dentre as capitais litorâneas do país.
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Experimente perguntar a um turista que desembarque em Salvador pela primeira qual local ele gostaria de visitar na cidade. Certamente, o Pelourinho entrará na lista. Patrimônio Cultural da Humanidade, o Pelô, nome que os mais íntimos dão ao local, nasceu junto com a primeira capital do Brasil. Seu casario colonial, repleto de sobrados e igrejas, já foi o coração pulsante da antiga Salvador. Entre as décadas de 60 e 90, sofreu um processo crescente de abandono. As outrora vibrantes cores dos prédios históricos foram gradativamente substituídas por uma tonalidade acinzentada. As ruelas seculares feitas em grandes blocos de paralelepípedo viraram pontos de tráfico, prostituição, lixo, ratos e de uma malandragem nada romântica, como as dos livros de Jorge Amado, fiel cronista do pedaço mais antigo da capital baiana. No início dos anos 90, o Pelourinho foi alvo de um dos maiores projetos de revitalização da história recente do país, realizado pelo então governador Antonio Carlos Magalhães. Parte do conjunto arquitetônico passou por um intenso processo de restauração e largos e praças foram criados visando a absorção do fluxo turístico. Com isso, bares, restaurantes, lojas dos mais variados tipos, teatros, órgãos culturais, hotéis, pousadas e albergues foram instalados no Pelô. A fase áurea durou cerca de dez anos, mas desde 2003 o lugar voltou a exibir problemas que muitos julgavam já suplantados.
FONTE: CORREIO DA BAHIA
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