terça-feira, 11 de setembro de 2018

Fundo de População da ONU destaca aspectos positivos do envelhecimento populacional para o país

A dinâmica populacional brasileira traz oportunidades e desafios socioeconômicos. Diante da expectativa de que, em 21 anos, o país dobre seu contingente de pessoas com mais de 65 anos, é necessário discutir o perfil de suas políticas públicas para esse cenário.
Jaime Nadal, representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil, lembrou durante evento em Brasília na semana passada (19) que, apesar de o envelhecimento populacional ser frequentemente associado aos custos previdenciário e com saúde, é preciso reconhecer e potencializar seus aspectos positivos.
“É necessário compreender que o envelhecimento é o resultado de avanços significativos no desenvolvimento e nas condições de vida dos países. As oportunidades que a demografia apresenta são infindáveis quanto às contribuições de uma população idosa economicamente ativa”, disse.
Foto: PNUD Brasil
Foto: PNUD Brasil





A dinâmica populacional brasileira traz oportunidades e desafios socioeconômicos. Diante da expectativa  em 21 anos, o país dobre seu contingente de pessoas com mais de 65 anos, é necessário discutir o perfil de suas políticas públicas para esse cenário.
O seminário “Demografia econômica e envelhecimento populacional no Brasil: desafios e perspectivas para políticas públicas”, que aconteceu na semana passada (19), em Brasília (DF), teve como objetivo trazer à luz as inter-relações desse movimento populacional com a economia e potenciais soluções de planejamento.
Organizado por Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, o evento reuniu mais de 120 pessoas entre especialistas, corpo acadêmico, representantes de governo e sociedade civil, apresentando diferentes prognósticos para o futuro da economia brasileira frente ao envelhecimento populacional.
Com apoio do projeto “Transição demográfica: oportunidades e desafios para alcançar os ODS na América Latina e no Caribe”, coordenado pela CELADE — Divisão de População da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) —, a atividade trouxe temas como contas nacionais, transferências inter-geracionais, educação, mercado de trabalho, igualdade de gênero e ajuste fiscal.
Para Jaime Nadal, representante do UNFPA no Brasil, o envelhecimento populacional é um dos processos mais importantes do século 21. O processo de envelhecimento é frequentemente associado aos custos previdenciário e com saúde, à estagnação da produtividade e dos investimentos e à pressão sobre o crescimento potencial. Porém, é também necessário reconhecer e potencializar seus aspectos positivos.
“É necessário compreender que o envelhecimento é o resultado de avanços significativos no desenvolvimento e nas condições de vida dos países. As oportunidades que a demografia apresenta são infindáveis quanto às contribuições de uma população idosa economicamente ativa”, disse.
“O processo de envelhecimento acontece de maneira distinta quando analisada por sexo, raça, níveis socioeconômicos, nos meios rural e urbano. É fundamental que a administração pública leve em conta essas diferenças para que se construa uma política que reduza as iniquidades”, ressaltou o representante do UNFPA.
A janela de oportunidades do chamado bônus demográfico no Brasil está com os dias contados. Os contrastes internos apontam que é fundamental, por um lado, reforçar o investimento na formação de capital humano e modernização do mercado de trabalho para criar oportunidades de desenvolvimento para o grande contingente de pessoas jovens. Ao mesmo tempo, é necessário antecipar as questões relacionadas ao envelhecimento da população, que apresentarão novos desafios para a produtividade, para o modelo de crescimento econômico e para as finanças públicas.
Para Jorge Arbache, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, existe uma dificuldade de se atingir o pleno potencial do trabalhador garantindo-lhe seus plenos direitos. “Por isso, eventos como esse são um passo importante para que se alinhe as demandas e as projeções populacionais no âmbito das políticas públicas para garantir a qualidade dos serviços em caráter nacional”, avaliou o secretário.
De 1950 a 2015, a população brasileira ganhou 24 anos de esperança de vida, aproximadamente quatro anos por década. Na mesa de debates, intitulada “Envelhecimento populacional, transferências inter-geracionais e contas nacionais”, Paulo Saad, diretor da Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografia, da CEPAL, apresentou as tendências demográficas na região, incluindo o Brasil.
“O que aconteceu foi uma rápida variação no padrão de crescimento populacional com altas taxas de fecundidade, para uma sociedade onde os nascimentos passaram a decrescer. Isso atrelado ao fato de que a esperança de vida aumenta constantemente, criando uma inversão da pirâmide etária.”
Cássio Turra, professor da do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, da Universidade Federal de Minas Gerais (CEDEPLAR/UFMG), mostrou que, seguindo essa lógica populacional, os programas de transferência de renda no Brasil, que outrora eram destinados para população mais jovens, com a transição, foi se adaptando à população adulta e idosa.