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Quinta-feira - 27/03/2008 - 10h54São Paulo -
Pesquisa realizada pela Secretaria Estadual da Saúde indica que as maiores vítimas de abuso sexual são crianças menores de 12 anos de idade. Elas representam 43% dos 1.926 casos de violência sexual atendidos no ano passado pelo Programa Bem-Me-Quer, do Hospital Pérola Byington.
Em 2006, as notificações de casos de abuso contra crianças de até 11 anos representaram 42% do total. Em quase 15 anos de trabalho, o Pérola Byington computou cerca de 9 mil notificações de abuso sexual contra menores de 18 anos.
Os especialistas afirmam que os agressores são, em sua grande maioria, pessoas próximas à criança e que fazem parte do núcleo familiar da vítima. Pais, padastros, amigos da família e vizinhos são os principais responsáveis pela violência contra crianças e adolescentes. Os culpados, geralmente, têm acesso livre à casa e à rotina das vítimas. Os agressores estão muito mais perto do que se imagina, afirma o doutor Jéferson Drezett, coordenador do Serviço de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington.
Os pais têm papel importante na prevenção e na identificação dos casos de abuso e violência. É preciso estar atento a mudanças comportamentais da criança sociais, familiares ou alimentares e não excluir a possibilidade de o filho ter sido vítima de abuso sexual.
Além disso, é relevante desenvolver relação de confiança entre pais e filhos e criar um espaço em que os filhos possam expressar-se sem medo de punição. Esse tipo de abuso não costuma deixar sinais físicos como prova, por isso é preciso acreditar nos relatos e nas queixas dos pequenos.
Acreditem no que seus filhos dizem. Verbalizar uma situação de abuso já é bastante complicado para um adulto, imagine para uma criança ou um jovem. O fato de o agressor ser alguém em quem a família confia torna tudo ainda mais difícil. A vítima passa por cima do medo e da vergonha e merece ser acolhida por isso, diz Drezett.
Como lidar com a situação
Assim que a suspeita de abuso for identificada, a criança deve ser encaminhada a um profissional de saúde mental para receber tratamento necessário. Uma vez confirmada a suspeita, o profissional ou a família deve notificar o Conselho Tutelar sobre o caso, para que medidas de proteção sejam tomadas. O mais importante é ficar atento a mudanças bruscas no comportamento de jovens e crianças, e buscar ajuda assim que possível. Essa é a melhor forma de descobrir, realmente, o que está acontecendo, além de resguardar uma possível vítima de abuso e ajudá-la a lidar com a situação, explica o médico.
O Projeto Bem-Me-Quer faz parte do Ambulatório de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington e é uma parceria entre as secretarias estaduais de Saúde e Segurança Pública. Nele, as vítimas de abuso contam, no mesmo espaço, com equipe multidisciplinar capacitada para oferecer ajuda médica e realizar o exame de corpo de delito, o que simplifica o processo de notificação às autoridades e expõe menos os pacientes.
Mudança de comportamento
A criança ou o jovem que sofreu violência sexual pode passar por alterações bruscas de comportamento. Os pais devem ficar atentos aos seguintes sinais:
alterações no sono;
queda brusca no rendimento escolar;
a criança volta a fazer xixi na cama ou nas calças;
medo inexplicável de ficar sozinho na presença de adultos estranhos ou de algum adulto específico;
brincadeiras agressivas com brinquedos ou pequenos animais.
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