OLHAR MASCULINO PERVERSO
O desejo erótico de posse da menina, da moça jovem, freqüentemente é uma das variantes da patologia sexual do macho. É curioso que, raramente, se observe o fenômeno inverso. A mulher adulta e madura não se interessa, sexualmente, pelo menino ou pelo jovenzinho. Inclusive o que se percebe, também, é que o interesse e o olhar cobiçoso do homem aumenta com a idade, chegando ao paroxismo da velhice. Na Antigüidade existia a violência da posse gerontocrática pelas virgens recém-entradas na puberdade.
Manifestação libidinosa muito ligada à impotência concreta, o olhar desejoso em relação à infância revela uma fantasia de domínio absoluto e transgressão. É como se a inocência da menina pudesse excitar a fragilidade do homem inseguro quanto à sua própria identidade sexual.
Traduzindo de forma objetiva, trata-se de doença e lesão no desenvolvimento da sexualidade e da personalidade, que pode se associar a comportamento doloso de natureza criminal. Esta realidade precisa ser verificada com cautela para que o criminoso não se acoberte, debaixo das atenuantes de problemática emocional.
A posse sexual de menor, a sedução, o assédio, são formas torpes de manipulação do corpo inocente. Tanto a civilização grega como a modernidade são vivências éticas ambivalentes sobre esta questão. Nabokov criou a figura da "lolita", a ninfeta tentadora.
A publicidade, principalmente a da TV, avacalha os cânones morais e usa as crianças muitas vezes com o apoio familiar para transformá-la em mercadoria e consumo.
Mas quem se sensibiliza e trata o tarado corretamente é o criminoso comum que não perdoa este crime infame, dando-lhe o corretivo na prisão.
Existe uma correlação entre machismo desbragado, autoritarismo e perversidade sexual voltada contra a criança: são frutos dementes e delinquenciais da onipotência.
EM TEMPO: Uma certa revista, certa vez, censurou a publicação deste artigo, com alegações incertas.
Autor: Jacob Pinheiro Goldberg
. Ph.d. em psicologia
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