sexta-feira, 29 de abril de 2011

Padre Sadoc: "A Bahia deve respeitar Arlette".

Claudio Leal


Alto, postura de príncipe da Roma Negra, o monsenhor Gaspar Sadoc se integrou à alta sociedade baiana desde que assumiu a Paróquia da Vitória, em Salvador. A poucos passos de sua igreja - uma das primeiras construções da capital -, fica o prédio da viúva do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, Arlette.

A relação de Sadoc com a família vem dos anos 50. Batizou e casou quase todos os membros do clã Magalhães. Gaspar é irmão de Baltazar e Belchior. Seu pai registrou os filhos com os nomes dos três reis magos. E talvez ele seja um pouco rei e mago para as senhoras do jet-set baiano. Aconselha, ilumina caminhos. Na Bahia, é mais conhecido que o próprio arcebispo.

Veja também:
» ACM Jr. responde à irmã Tereza: "É mentira"
» A história da devassa judicial na casa de ACM

Convidado a opinar sobre a devassa judicial no apartamento da viúva de ACM, em ação de arrolamento de bens movida pela herdeira Tereza Helena, Gaspar Sadoc eleva o tom da voz e exige que a cordialidade baiana seja respeitada:

- Qualquer um de nós pensa que é uma coisa desagradável, até de um certo modo inestética. Em sã consciência, ninguém vai aprovar! Um caso como aquele, para uma senhora, da maneira como foi feita, não é digno da Bahia, não! - brada Sadoc, em entrevista a Terra Magazine.

Na homilia da missa de corpo presente do ex-senador ACM, em julho de 2007, ele já havia esboçado o cenário da sucessão do patriarca. Comparou-o a Alexandre, esse mesmo, o Magno.

"Eu me lembro, agora, quando Alexandre, o Alexandre Magno, estava morrendo. Então lhe perguntaram a quem cabia, a quem cabia a sucessão. E Alexandre tirou o seu anel e disse: 'Deixo para o mais digno, para o mais digno'".

Ontem, o senador Antonio Carlos Júnior decidiu entrar com um processo contra a irmã, Tereza, por difamação. Em nota pública, o advogado André Barachisio Lisboa afirmou que Tereza notou a ausência de obras de arte no apartamento do pai e alegou ter sido afastada da partilha de bens. Atento a esse cenário, Sadoc retorna à imagem da homilia:

- Estavam os generais todos: quem vai substituí-lo? Perguntaram a Alexandre Magno e ele respondeu: "Deixo meu anel para o mais digno". É isso aí.

Já aposentado, embora celebre a missa das 8h, Padre Sadoc comemora 92 anos no próximo dia 20 de março. Prefere não dar conselhos aos filhos de ACM e Arlette; recomenda apenas a voz da "consciência coletiva". Mas tem uma opinião formada sobre o método que o velho Antonio Carlos usaria para resolver o conflito agravado pela ação de Tereza e seu marido César Matta Pires, dono da construtora OAS.

- Se ele estivesse vivo, não acontecia nada disso! (risos e risos)

Com a palavra, monsenhor Sadoc: "A Bahia não é isso, não. Que diabo é isso?". Leia a entevista.

Terra Magazine - O que o senhor achou da invasão judicial na casa da viúva do ex-senador ACM, Arlette Magalhães?
Gaspar Sadoc - Olha, meu filho, qualquer um de nós pensa que é uma coisa desagradável, até de um certo modo inestética. Em sã consciência, ninguém vai aprovar! Um caso como aquele, para uma senhora, da maneira como foi feita, não é digno da Bahia, não! A Bahia não é isso, não. Que diabo é isso? A Bahia é uma coisa educada, elevada. Aquilo é afronta. Não se faz aquilo. A maneira de fazer é que se é contra. Ninguém vai contra a decisão judicial. Não estou discutindo a questão judicial, é a maneira como foi feita.

O senhor é o sacerdote de quase toda a família... Batizou, casou...
Eu conheço a família há não sei quantos anos! Desde que Antonio Carlos era deputado estadual (em 1954), eu conheço. Sou amigo da família. Nunca fui político, não quero ser político. Gostava dele. Eu era amigo dele, nunca pelo lado político.

O que recomenda aos filhos?
Eu não diria nada aos filhos, não. Olhe, isso é um caso que ninguém precisa falar. A consciência coletiva é que fala. Não precisa dizer palavras. Primeiro que eu não sou chamado pra julgar caso pessoal, nem ninguém está me perguntando. Se eles me perguntassem, eu diria: "Aí a consciência coletiva fala".

Na homilia da missa de corpo presente, o senhor comparou ACM a Alexandre Magno na escolha de seu sucessor. Como é a história?
É... Alexandre Magno disse: "Deixo (o anel) para o mais digno". Estavam os generais todos: quem vai substituí-lo? Perguntaram a Alexandre Magno e ele respondeu: "Deixo meu anel para o mais digno". É isso aí. Você tem uma boa memória.

Como ACM resolveria essa questão?
Se ele estivesse vivo?

É.
Se ele estivesse vivo, não acontecia nada disso! (risos e risos)

Já se solidarizou com Arlette Magalhães?
Já falei com ela, nesse instante. Procurei no dia mesmo, mas ela não estava, viajou. Um amigo me deu o telefone e eu falei. Mas não há palavra que possa corresponder ao sentimento. A gente sente não é por causa disso ou daquilo; independente de tudo, é uma digna dama da Bahia, três vezes primeira-dama da Bahia. Respeite-se a quem nos respeita. Ela passou anos respeitando a Bahia, a Bahia tem que respeitá-la. Ora, droga!

Terra Magazine


Sexta, 14 de março de 2008, 15h20

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